A cidade é pequena. Cortada pela linha do trem. As histórias são reais. Ou poderiam ser. Dramas humanos - pequenos e grandes. Corriqueiros. Repetidos. E mais dramáticos por isso.
No final, a culpa é do amor. Como sempre. Sempre isso. Entre pais e filhos. Entre homens e mulheres. Entre amigos. E anjos.
A montagem da peça é ótima. Ajuda a impulsionar a história, ampara os personagens, constrói ilusões, estimula a imaginação. A linha do trem atravessa o palco e corta a cena, literalmente, de cima a baixo.
Suporta o humor duro e cínico de Cecília. A bondade licorosa de Eleazar. A sedução e magia do cafajeste de plantão, Rocco. Um pai e uma filha que se perdem e se encontram ao mesmo tempo.
Onde os anjos entram nisso? Na inveja. Há, nessa história, um homem que tem inveja dos anjos porque queria, ele também, voar invisível pelo mundo tornando a vida das pessoas menos dura. É o carteiro que lê as cartas antes dos seus destinatários e atrasa a entrega das notícias ruins para prepará-los.
Mistura de amargo e doce. Sonho e realidade. Que, ao mesmo tempo que aponta para a dureza da vida, torna mais fácil suportá-la.
Se você não acredita em anjos, devia assistir essa peça.
Ficha técnica: "Inveja dos Anjos". Direção: Paulo de Moraes. Com Marcelo Guerra, Patrícia Selonk, Ricardo Martins, Simone Mazzer e outros. Texto: Maurício Arruda Mendonça e Paulo de Moraes. De 7 a 30 de agosto. Sesc Consolação - Rua Dr. Vila Nova, 245, Consolação, São Paulo.
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