Sinceramente, não sei dizer se gostei ou não do livro. A leitura é fácil e rápida. Talvez, rápida demais. Às vezes tenho a impressão de que não tive tempo suficiente para compreender os personagens. Enxergo apenas esboços.
Gosto do humor do autor, incrustado no absurdo. Uma mistura de ironia e nonsense. E boa dose de cinismo.
José Costa é uma não-pessoa, uma espécie de lugar comum. Um nome que se repete à exaustão. Um rosto que se confunde. Sua história se resume a criar histórias alheias. Seu orgulho vem do anonimato, assim como a vaidade. Uma vez criadas, suas historias são absorvidas pelos falsos protagonistas e se tornam verdadeiras. Perdem a filiação.
E a história de José Costa? Parece ser a que menos interessa a ele. No final, a reviravolta. Ele próprio ganha uma história alheio e se torna apenas um reles protagonista. Assim perde, num só golpe, tudo aquilo que amealhou pela vida.
Divertido traçar paralelos entre personagem e autor. Pensar que Chico Buarque, como toda pessoa pública, também tem uma vida dupla. Uma só? Quantas mais? Qual será a real? Será que isso existe? Deve ser fácil confundi-las. Mais fácil ainda confundir-se.
Ficha Técnica: “Budapeste”, de Chico Buarque, Editora Companhia das Letras.
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