sábado, 31 de outubro de 2009

E chegou o Natal

Dei de cara com ele ontem, no Kinoplex. Uma árvore de Natal, grande e bonita, e muitas luzinhas. Não dava pra esperar até dezembro?

Depois reclamam que o tempo passa muito rápido...

O tempo não tem culpa da nossa ansiedade.

terça-feira, 27 de outubro de 2009

Marcelino Freire

Veja entrevista com Marcelino Freire publicada no Cronópios, portal de literatura, no dia 18 de outubro:

http://www.cronopios.com.br/site/artigos.asp?id=4246

Esse texto faz parte de um projeto pessoal, que reuniará perfis e entrevistas com diversos autores de língua portuguesa e deverá se estender ao longo do próximo ano.

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Rasif

Mais um livro de contos de Marcelino Freire. Temas, linguagem, estilo de Marcelino Freire. Ilustrações de Manu Maltez. Gosto especialmente da figura da capa: uma onda com cabeça de pássaro ou um pássaro feito da espuma do mar.

“Rasif, mar que arrebenta” parece apontar o fim de um ciclo. A evocação de Recife (palavra que vem do árabe “rasif”), a ideia de retorno à origem, uma espécie de acerto de contas com São Paulo. Vim, vi, venci?

Dor, miséria, desencontros, morte, preconceito, violência, humor, amor, incompreensão. Histórias à margem da história, à margem da metrópole moderna, rica, agitada. Um retrato do Brasil que não se deseja revelar, muito menos exibir num porta-retrato, na sua sala de visitas.

Textos curtos, enxutos, ágeis, ritmados. Rasif é uma boa opção para quem ainda não conhece o autor e o título mais recente publicado por ele (o livro é de 2008).

Segundo Marcelino, seu primeiro romance está a caminho. Vamos aguardar.

Ficha Técnica: “Rasif, mar que arrebenta”, Marcelino Freire, Editora Record.

BaléRalé

A capa é ótima: duas múmias abraçadas. Foram elas que inspiraram ‘Homo Erectus’, o conto de abertura. O homossexualismo é tema bastante presente no trabalho de Marcelino Freire, assim como o preconceito. Esse conto é uma ótima introdução.

Há no trabalho do autor um equilíbrio delicado entre humor e crítica social. E alguma coisa mais, que trai a vontade de Marcelino. Uma espécie de otimismo tímido, recolhido. Mais intenção do que crença. Como se ele quisesse dizer:apesar de tudo que vejo e ouço, eu acredito, eu quero acreditar...

Não deixe de assistir o vídeo disponível no site Antologia Digital (www.oinstituto.org.br/enter), organizado por Heloísa Buarque de Holanda.

Ficha Técnica: “BaléRalé”, Marcelino Freire, Ateliê Editorial.

Contos Negreiros

Com este livro de contos, Marcelino ganhou o prêmio Jabuti, em 2006. Na capa, o personagem recorrente em todo o livro: a figura do negro.

A rima forte no trabalho de Marcelino é humor e dor. E é com ela que ele constrói seus textos. Impressiona a lógica particular de cada um dos personagens. A nos lembrar o tempo todo que vivemos em universos individuais, únicos e próprios, embora tenhamos a mania de nos referir a realidade como se ela fosse algo dado, igual para todos, comum. Definitivamente, não é. Vivemos em universos paralelos.

Yamami é um bom exemplo. Uma história de amor. E também de pedofilia. Forte, comovente, dura. Bem ao estilo do autor. No final, fico sempre com a impressão de que o vilão da história sou eu.

Ah, antes que eu me esqueça, uma recomendação: leia Marcelino em voz alta. Faz toda a diferença. Se preferir, compre o audiolivro, gravado pelo autor e publicado pela editora Livro Falante.

Ficha Técnica: “Contos Negreiros”, Marcelino Freire, Editora Record.

Angu de Sangue

Antes de mais nada, um livro bonito. Os detalhes do projeto gráfico e as ilustrações de Jobalo encantam. Não sei se, tecnicamente, posso dizer que sejam ilustrações. Fotos, montagens. Não. Gosto mesmo é de chamar de ilustrações.

Se, em Eraodito, predomina o humor, aqui, quem ganha é a crítica. A fala afiada, dura, cortante.

Contos curtos, linguagem direta. Em todos eles, cabe ao próprio personagem narrar a sua história, recurso que Marcelino Freire seguirá explorando nos livros seguintes.

Entredentes, desesperados, conformados, resolutos, indiferentes, conscientes ou inconscientes. Cada personagem é dono de sua própria voz.
Marcelino associa o título do livro ao choque de sua chegada a São Paulo, vindo do Recife. O angu da terra natal transformado.

Entre meus favoritos, está o conto Muribeca, que abre o livro. Não deixe de ler.

Ficha Técnica: “Angu de Sangue”, Marcelino Freire, Ateliê Editorial

Eraodito

Especialidade do autor: brincar com palavras. É o que faz neste livro. Relê, interpreta, reinventa ditados populares e frases afins.

Me surpreendi por encontrá-lo na seção de poesia. Mas, de certo modo, é do que se trata. Poesias visuais ou algo parecido.

É divertido desvendar nas páginas o sentido torcido e distorcido das palavras. Como num jogo da adivinhações. Tudo bem, é fácil adivinhar. Mas não se surpreenda se, a cada nova leitura, você adivinhar coisas diferentes. O segredo é conjugar atenção e distração. Sem ambos, não dá para sacar o texto do papel.

Ficha Técnica: "Eraodito", de Marcelino Freire, Atelie Editorial

domingo, 25 de outubro de 2009

Onde a galinha cisca pra frente

Também apelidado carinhosamente de “Faixa de Gaza” carioca. É nesse trecho do caminho, onde as linhas Amarela e Vermelha se cruzam, que até as galinhas ciscam pra frente, pois, se olharem para trás... já era.

Já reparou como os nomes das linhas são sugestivos? Vermelho sangue. Amarelo ouro.

No maravilhoso mundo do marketing, vermelho e amarelo são cores que, associadas, despertam a fome.

Faz sentido.

domingo, 4 de outubro de 2009

Chama e Fumo - poema de Manuel Bandeira

Amor _ chama, e, depois, fumaça...
Medita no que vais fazer:
O fumo vem, a chama passa...

Gozo cruel, ventura escassa,
Dono do meu e do teu ser,
Amor _ chama, e, depois, fumaça...

Tanto ele queima! e, por desgraça,
Queimado o que melhor houver,
O fumo vem, a chama passa...

Paixão puríssima ou devassa,
Triste ou feliz, pena ou prazer,
Amor _ chama, e, depois, fumaça...

A cada par que a aurora enlaça,
Como é pungente o entardecer!
O fumo vem, a chama passa...

Antes, todo ele é gosto e graça.
Amor, fogueira linda a arder!
Amor _ chama, e, depois, fumaça...

Porquanto, mal se satisfaça
(Como te poderei dizer?...),
O fumo vem, a chama passa...

A chama queima. O fumo embaça.
Tão triste que é! Mas... tem de ser...
Amor?... _ chama, e, depois, fumaça:
O fumo vem, a chama passa...

(Teresópolis, 1911)