terça-feira, 14 de julho de 2009

Poesia e Guerra



Somos mesmo muito ignorantes. Fui ouvir Atiq Rahimi no Stand-Up de Literatura do Cronópios, na Martins Fontes (quem quiser obter mais informações sobre esses eventos deve acessar o site do Cronópios – http://www.cronopios.com.br/). E me surpreendi quando ele falou do papel da poesia na vida do povo afegão.

A presença da poesia é tão forte que se manifesta até em brincadeiras de crianças. Formam-se dois times. O desafio de um é declamar um verso usando a última palavra do verso declamado pelo time adversário. E assim vai a disputa até que o grupo derrotado fique sem palavras.
Quando criança, Atiq participava desse jogo. Os melhores jogadores, cuja presença era disputada pelos grupos, eram aqueles que conseguiam decorar um número maior de versos. O autor se lembra de um menino que sabia quase 15 mil versos decor.

Essa imagem não combina com a de um país miserável, cruel, beligerante, insensível, intolerante. Pelo menos, não com a versão rasa que é vendida nos jornais e nas bancas de revista. Como um povo que ama a poesia pode viver em meio à guerra e à violência?

Acho que essa é a maior ignorância de todas. Achar que o amor às coisas belas afasta alguém da guerra ou da violência. A questão não é do que se gosta, mas sim do que somos capazes de fazer para conseguir aquilo que desejamos.

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