Davi Arrigucci Jr.
É sempre bom ouvir alguém falar com paixão. Seja sobre que assunto for. Ainda mais, literatura. Especialmente Manuel Bandeira.
Rafael Coutinho
Extrovertido e simpático. Pelo visto, eclético também. Artista plástico e quadrinista. Muito à vontade com o público, arrancou risos da platéia com a leitura do seu trabalho. Contraste: a alegria e descontração do momento com a tensão, melancolia e soturnidade da história apresentada por ele.
Rodrigo Grampá
Dos quatro quadrinistas presentes, o que mais parecia ter consciência/ciência do palco. Jeito de menino prodígio. Um pouco na defensiva. Por sorte, estava entre amigos. O trabalho apresentado por ele me fez lembrar de “Kill Bill”. Justo eu, que nunca assisti ao filme...
Rafael Moon
Tímido participativo. Simples, direto, simpático. A delicadeza de forma como a história é contada realmente impressiona. Mas, aqui, é preciso lembrar que o trabalho é a quatro mãos. Rafael trabalha com seu irmão, Gabriel.
Gabriel Bá
Mas retraído. Parece levar tudo um pouco a sério demais. Mas isso é só uma impressão, claro. Além da delicadeza, a ‘perfeição’ dos traços encanta os olhos. Mas ‘perfeição’ não é a melhor palavra para descrever o desenho. São linhas que cortam.
Os Gêmeos
Uma entidade à parte. Rafael Moon e Gabriel Bá são gêmeos. E é assim que todos se referem a eles. Muito esquisito. Já na abertura da mesa, Flavio Moura, diretor de programação da FLIP, fez confusão com os nomes dos dois. Depois disso, num certo momento da conversa, o mediador (Joca Reiners Terron) disse algo como “agora que os gêmeos já responderam, qual é a opinião de vocês sobre...”. O ‘detalhe’ é que apenas um deles havia falado. Mais um ponto que não dá para deixar de mencionar: ambos desenham a si mesmos nos quadrinhos, ou seja, são seus próprios personagens.
Simon Schama
Confesso que a performance de palco do historiador-escritor-ator me desconcertou. Mal consegui acompanhar sua fala. Gostei mesmo foi da mediadora, Lilia Moritz Schwarcz.
Catherine Millet
Mais uma francesa trabalhando no limite entre vida e ficção, autoria e protagonismo. Como Sophie Calle. E também como o escritor argelino Gregoire Bouillet, que transforma suas experiências em relatos. O engraçado é que, quanto mais eles parecem se aproximar do que chamaríamos de “vida real”, mais parecem se distanciar dela. Criam uma espécie de ilusão de óptica em palavras.
Gay Talese
Figura impecável. Terno e chapéu. Na verdade, fato. Acho que fato é melhor do que terno neste caso. Filho de alfaiate. Meticuloso e sério. De um humor sem risadas nem sorrisos. Imagino Talese como uma antena que gira em todas as direções captando sons, ruídos, trechos de conversas. Imagino Talese como um arquivista meticuloso. Registrando o material coletado, catalogando. Até que, por combustão espontânea, algo se incendeia em sua mente e desencadeia todo o processo. Como um cão perdigueiro, segue sua pista até o final.
Angélica Freitas
“É difícil responder essa pergunta. Posso ler um poema do Bandeira que eu separei para vocês?” A participação da poeta na conversa não foi exatamente marcante, mas o pouco que leu do seu trabalho - que eu não conhecia - despertou meu interesse. Quero ler seus poemas.
Heitor Ferraz
Parecia pouco à vontade no palco, mas o mesmo poderia ser dito de Angélica e do mediador (Carlito Azevedo) da mesa de poesia, que também contou com Eucanaã Ferraz. Acho engraçada essa ‘timidez’ excessiva dos poetas se comparada à emoção escancarada dos versos. Não consigo imaginar exposição maior que essa... Talvez, por isso. (Os poetas fingidores fingem sempre ser eles mesmos. Essa é a minha tese.)
Eucanaã Ferraz
Na linguagem feminina contemporânea, um ‘fofo’. Depoimento encantador sobre sua formação. O papel da música popular. As canções da mãe. O acesso aos livros possibilitado pela escola pública. A questão do ensino. E a leitura memorável de um poema de Bandeira. Seu nome já estava na minha lista de autores a conhecer. Subiu mais alguns degraus no ranking de prioridades.
Bernardo Carvalho
Já ouvi Bernardo Carvalho em outras ocasiões. Sempre tenho a impressão de que ele gosta de discordar. Quando não do conteúdo, da forma. Crítico por natureza e profissão. Gosto do trabalho dele e de ouvi-lo falar. Seus comentários, independentemente do modo como professados, são pertinentes. Quer eu concorde com eles ou não. Além disso, realmente me divirto com as reações que ele provoca na platéia!
Atiq Rahimi
Exótico, claro. Começando pelo currículo: escritor e cineasta afegão, radicado em Paris, ganhador do prêmio Goncourt, o mais prestigiado prêmio literário francês. Quantas pessoas você conhece com esse perfil? E que diabo é o Afeganistão? Depois dessa onda de livros melodramáticos e apelativos (sejam eles bem intencionados ou não, agradáveis de se ler ou não), impossível não ter uma visão distorcida do país e do seu povo. Somem-se a isso as reportagens de jornais, monotemáticas e parciais. A verdade é que o rótulo do exotismo quase sempre deturpa e deforma. O jeito é ler mais. E melhor.
quinta-feira, 9 de julho de 2009
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