terça-feira, 22 de dezembro de 2009

Cartas Portuguesas

Tudo começou com Matisse. Vi, numa exposição dele, algumas ilustrações de "Cartas Portuguesas" e uma breve explicação do que se tratava: cartas de amor escritas por uma freira portuguesa a um oficial francês em pleno século XVIII. Pouco depois, assistindo a um filme ("A vida secreta das palavras"), eis que ele surge novamente, como peça de um romance fadado à tragédia.

Não tive escolha, comprei o livro. Aparentemente, não se sabe a origem das cartas. Nem em que língua foram escritas: português ou francês. Obra de ficção ou relato fidedigno de um amor mal acabado?

Claro que meu primeiro impulso foi querer acreditar. É muito mais emocionante. A pobre Mariana - esse é o nome da freira - apaixona-se pelo francês, que a seduz e depois some do mapa. História batida, mas repetida até hoje. Ao longo de cinco cartas, Mariana se derrama de amores, lamentos e recriminações ao amado. Tudo ao mesmo tempo agora, no bom e velho estilo feminino.

Depois me recrimino, e torço para as cartas não passarem de ficção - pobre Mariana!

A verdade é que nada disso importa. Hoje, tantos anos após a primeira publicação das cartas, quem se lembra de algum outro nome que não seja o da Sóror Mariana Alcoforado? De todas as verdades possíveis, essa foi a que restou.

Ficha técnica: "Cartas Portuguesas", da Sóror Mariana Alcoforado, Editora Núcleo

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