Desencanto
Eu faço versos como quem chora
De desalento... de desencanto...
Fecha meu livro, se por agora
Não tens motivo nenhum de pranto
Meu verso é sangue, volúpia ardente...
Tristeza esparsa... remorsos vãos...
Dói-me nas veias. Amargo e quente,
Cai, gota a gota, do coração
E nestes versos de angústia rouca
Assim dos lábios a vida corre,
Deixando um acre sabor na boca
- Eu faço versos como quem morre.
Manuel Bandeira
Encantamento
há uma palavra mágica que se diz. essa palavra
é sempre diferente. montanha, precipício, brilho.
essa palavra pode ser um olhar. a voz. um olhar.
essa palavra pode ser o espaço de silêncio onde
não se disse uma palavra. Brilho, , montanha.
essa palavra pode ser uma palavra, qualquer palavra.
há uma palavra mágica que se diz. há um momento.
depois dessa palavra, só depois dessa palavra
pode começar o amor.
José Luís Peixoto
segunda-feira, 30 de novembro de 2009
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