Há dois tipos de homem sobre a terra: os que atacam e os que se defendem. Lenz Buchmann pertence ao primeiro grupo.
Perícia e habilidade marcam tanto o médico como o político. Assim como um código moral bastante peculiar, aparentemente herdado do pai.
O mundo, sob a ótica do personagem, divide-se entre fortes e fracos. Saúde e doença. Técnica. Natureza. Um mundo violento e agressivo. Como a doença que acomete a sua família. Contra a qual, nem defesa, nem ataque parecem surtir efeito.
“Aprender a rezar na era da técnica” é o último livro da tetralogia O Reino, de Gonçalo M. Tavares. Fazem parte do conjunto: “Um homem: Klaus Klump” (2003), “A máquina de Joseph Walser” (2004) e “Jerusalém” (2006).
O que move o ser humano? O medo ou o desejo. Mas o que subjaz ao movimento? A natureza e a técnica travam seus duelos diários e eternos. Mas não há um equilíbrio de forças. Nunca haverá. A natureza não pode ser sobrepujada. Lenz Buchman domina a técnica e conhece a natureza. Não a subestima. Nem por isso consegue vencê-la.
A narrativa de Gonçalo M. Tavares é fresca e vigorosa. Não são as palavras que se enroscam e enlaçam umas as outras, mas imagens e idéias.
Nesse mundo, criado por Tavares, não há espaço para o amor. Pelo menos, não é ele que sustenta os personagens ou os coloca em movimento. Há desejo, admiração, respeito, desprezo, idolatria, compaixão, gratidão. Senso de dever e de honra. Senso de fatalidade.
A violência sobrepuja tudo e todos. Por isso O Reino é conhecido em Portugal como “os livros pretos” - aliás, a capa da edição portuguesa de “A máquina de Joseph Walser” é preta também, imagino que todos sejam.
Ficha Técnica: “Aprender a rezar na era da técnica”, de Gonçalo M. Tavares, Companhia das Letras (2008)
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