segunda-feira, 24 de novembro de 2008

A criança em ruínas

Um livro dolorido. Ausência, dor, separação, perda. Saudade de um tempo passado, de uma infância que já não existe mais. Saudade de uma parte da vida já vivida e que, por isso, não existe mais. Ou existe. Mais do que nunca, pois não pode mais ser alterada ou esquecida ou retocada.

A imagem de uma criança em ruínas não é exatamente agradável. Mas na infância retratada pelo poeta, as crianças parecem ser crianças. A infância tem cara, jeito, gosto de infância. Na verdade, a idéia que fica é a da passagem do tempo. Da criança que deixou de ser criança porque cresceu. E do adulto que, de algum modo, se ressente com isso.

Mais do que síndrome de Peter Pan, a nostalgia da infância surge como uma espécie de resgate da ausência, uma recomposição do conceito de família, do conforto e da segurança que, na vida adulta, são tão difíceis de recuperar.

Um livro apaixonante.

Ficha Técnica: "A criança em ruínas", de José Luís Peixoto, Editora Quasi.

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