sábado, 7 de março de 2009

Segundo Dia


Manhã

Café da manhã carioca: pão na chapa e suco. Sorvete. Almoço no Líquido, me liquefazendo no calor espesso do final da manhã.

Instituto Moreira Salles

Minha primeira vez na Gávea. Um bairro bonito. Cheio de ladeiras. Meio agarrado ao morro, ameaçando subir e retrocedendo. Embrenhando-se no meio de uma floresta. Muito verde. Árvores enormes. Casas enormes. Mansões. O próprio IMS é uma atração em sim mesmo. Fiquei imaginando como seria viver num lugar daqueles. Espalhar migalhas de pão no chão da sala de estar. Pisar naqueles corredores com os pés molhados da piscina. Como seria a rotina de uma família vivendo ali? A mobília. Os cheiros. Hábitos.
Das exposições, a que mais me impressionou foi a do Otto Stupakoff. Fotógrafo. De tirar o fôlego.
Detalhe: apesar de haver outras pessoas circulando por lá, vi todas as exposições sozinha. Ou melhor, sem a presença de outros visitantes. Parecia que aquilo tudo estava ali só por minha causa. Gostei da sensação.

Um colecionador de pessoas

Otto Stupakoff é um colecionador de pessoas. Ele as captura com sua lente e as aprisiona num pedaço de papel. Ficam ali, imóveis e vivas para sempre. Sua técnica é perversa, quase sádica. Ele não as persegue e sim as hipnotiza. Elas são atraídas para frente da câmera. E se exibem. E mostram tudo o que têm para oferecer. Ele espera. Espera paciente. Até que a pobre alma se revela. Então vem o golpe. E a prisão. E lá estão elas. Presas, mas gloriosas. Aninhadas numa fissura do tempo-espaço. Um instante indeterminado e perdido. Mortos e imortalizados. Numa grande sala branca de ar gelado, olham para mim. De Saigon, Nova Iorque, Rio de Janeiro, não importa. Perdidos e encontrados. Mas completos, mesmo que por um único instante.

Samba na Lage

Minha estréia no samba carioca, mas especificamente no Samba Luzia. Com direito a oferta de aulas de dança gratuitas e uma aula prática no local. A chuva ameaçou atrapalhar o programa, mas logo desistiu. Às 4 da manhã, a única parte do meu corpo que parecia existir eram meus pés, que gritavam desesperadamente.

Saldo do dia: 408 degraus, um lugar especial e um fotógrafo.

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