Ricardo morreu. Aos 32 anos. Acidente. Eu mal conhecia o Ricardo. Ele fez alguns trabalhos para mim, era motoboy. Daqueles que resolvem todos os problemas. Daqueles a quem você pode confiar um saco de dinheiro, uma entrega importante.
Educado. Gentil. Cuidava de tudo. Da família também. Da mãe, a quem ajudou a abrir seu próprio negocio, do irmão, a quem ajudou a conseguir emprego. Era um moço grandalhão, bonito. Falava bem. Sorria um sorriso tímido.
Eu mal conhecia o Ricardo. Por isso tive vergonha de ficar triste por ele. Tive vergonha por lamentar, por deixar meus olhos se emocionarem por mim. Como se só pudéssemos sofrer com a perda dos amigos. Como se tivéssemos que conhecer alguém para então lamentar a sua morte. Como se fosse preciso conhecimento e amizade para se interessar por outras pessoas.
Ricardo morreu.
terça-feira, 12 de maio de 2009
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2 comentários:
vc tem toda razão: essa vida nos leva a um ritmo que nos enxuga as lágrimas antes delas surgirem...
Lindo seu blog. Lindo mesmo
Bruna Nehring
Obrigada, Bruna. Gosto muito das suas visitas e invejo seu dom de se aproximar das pessoas com tanta delicadeza.
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