"Como o sangue, corremos dentro dos corpos no momento em que abismos os puxam e devoram. Atravessamos cada ramo das árvores interiores que crescem do peito e se estendem pelos braços, pelas pernas, pelos olhares. As raízes agarram-se ao coração e nós cobrimos cada dedo fino dessas raízes que se fecham e apertam e esmagam essa pedra de fogo. Como sangue, somos lágrimas. Como sangue, existimos dentro dos gestos. As palavras são, tantas vezes, feitas daquilo que significamos. E somos o vento, os caminhos do vento sobre os rostos. O vento dentro da escuridão como o único objecto que pode se tocado. Debaixo da pele, envolvemos as memórias, as idéias, a esperança e o desencanto.
(...)
Dentro e sobre os homens, somos o medo. (...)"
(Conto intitulado "Dentro e sobre os homens", em “Antídoto”, José Luís Peixoto, Temas & Debates)
terça-feira, 5 de maio de 2009
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