terça-feira, 12 de maio de 2009
Só os melhores
Sentado no banco, o menino espera, impaciente, sua vez de jogar. Mais impaciente do que ele, só o pai, que nunca jogou bola na vida, plantado ao lado do campo, resmungando contra a insensibilidade do técnico que ainda não escalou o filho para o time.
De dois em dois minutos, o menino se levanta e pergunta: posso jogar, tio? Não, o técnico não é tio dele, mas o menino é pequeno demais para se preocupar com formas de tratamento.
O time começa perdendo e segue assim até o final. Não que ele se importe. Está mais animado com a expectativa de entrar em campo. E, finalmente, é chamado, faltando 3 minutos para o fim da partida.
Assim que ele pisa no campo, dá pra ver porque é reserva: salta de um lado por outro, brincando. Mas ainda tem a chance de pegar na bola. Participa, é o que importa. O avô, encostado à grade, grita instruções: “vai atrás da bola, vai pra frente!”.
Se, para o jogador, aquilo não passa de uma divertida brincadeira, para o avô, a coisa é séria. Preocupa-se com o desempenho do neto. Olhos grudados no campo. Impossível conter a voz, os gestos. E a satisfação por estar ali. O menino responde: “sou defesa, vô!”.
Nada pode diminuir a alegria do garoto, o sorriso de canto a canto. Nem o time, que perde de 4 a 2. Nem o final da partida. Tem motivo para isso, afinal, nem todos foram chamados para o jogo. Só os melhores.
Na volta pra casa, dentro do carro, ele pergunta: “Você viu que o juiz apitou bem na hora que eu ia chutar para o gol?”. Vi sim, Bruno. Vi tudo.
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