Dona Maria entra no armazém da esquina e cumprimenta o dono. Minutos depois, coloca sobre o balcão a compra do dia e a caderneta do fiado.
- Xi, dona Maria, agora não tem mais fiado, não. Só vendo à vista.
- Como assim, seu João, eu sempre comprei com caderneta. E paguei em dia.
- É a crise, dona Maria, é a crise.
- Que crise?
- Essa aí, da televisão, a crise financeira.
Seu João falou arregalando os olhos e se demorando em cada sílaba da fatídica crise.
- Essa dos bancos?
Dona Maria estava antenada.
- É, essa danada.
- Mas o senhor não é banco, seu João. Aliás, nem conta o senhor tem que eu sei!
Era verdade, mas não fazia a menor diferença. Seu João não tinha dinheiro no banco mas sabia que os bancos eram especialistas em fazer dinheiro. Enfim, um exemplo a seguir.
- A senhora nunca ouviu falar em globalização, dona Maria? Essa crise é assim, globalizada. Mesmo eu não sendo banco, ela vai chegar até aqui. Vai faltar crédito na praça. Se nem os bancos vão emprestar, como é que eu vou me arriscar?
Dona Maria já ia a perder a paciência, mas se conteve a tempo. Respirou fundo e voltou à carga com novos argumentos.
- Mas essa crise não é de verdade, seu João. O senhor não ouviu o presidente na TV outro dia? É crise de confiança. Agora só falta o senhor dizer que não confia aqui, na sua comadre.
Seu João coçou a cabeça, pensativo. Confiar, confiava, mas sempre desconfiando. Entre confiar nos bancos, porém, ou na comadre, acabou optando pela alternativa mais segura.
- Vá lá, dona Maria, vá lá. Me passe essa caderneta.
Dona Maria sorriu, satisfeita. Agora era torcer para a crise não levar o emprego do marido, caso contrário, como é que ela iria pagar a caderneta?
- Xi, dona Maria, agora não tem mais fiado, não. Só vendo à vista.
- Como assim, seu João, eu sempre comprei com caderneta. E paguei em dia.
- É a crise, dona Maria, é a crise.
- Que crise?
- Essa aí, da televisão, a crise financeira.
Seu João falou arregalando os olhos e se demorando em cada sílaba da fatídica crise.
- Essa dos bancos?
Dona Maria estava antenada.
- É, essa danada.
- Mas o senhor não é banco, seu João. Aliás, nem conta o senhor tem que eu sei!
Era verdade, mas não fazia a menor diferença. Seu João não tinha dinheiro no banco mas sabia que os bancos eram especialistas em fazer dinheiro. Enfim, um exemplo a seguir.
- A senhora nunca ouviu falar em globalização, dona Maria? Essa crise é assim, globalizada. Mesmo eu não sendo banco, ela vai chegar até aqui. Vai faltar crédito na praça. Se nem os bancos vão emprestar, como é que eu vou me arriscar?
Dona Maria já ia a perder a paciência, mas se conteve a tempo. Respirou fundo e voltou à carga com novos argumentos.
- Mas essa crise não é de verdade, seu João. O senhor não ouviu o presidente na TV outro dia? É crise de confiança. Agora só falta o senhor dizer que não confia aqui, na sua comadre.
Seu João coçou a cabeça, pensativo. Confiar, confiava, mas sempre desconfiando. Entre confiar nos bancos, porém, ou na comadre, acabou optando pela alternativa mais segura.
- Vá lá, dona Maria, vá lá. Me passe essa caderneta.
Dona Maria sorriu, satisfeita. Agora era torcer para a crise não levar o emprego do marido, caso contrário, como é que ela iria pagar a caderneta?
Nenhum comentário:
Postar um comentário