Nesta última sexta-feira, fui ouvir Fabrício Carpinejar falar sobre seu novo livro de crônicas: “Canalha!”. O tema do encontro: “Feios, limpos e malvados”. O parceiro: Xico Sá. Enfim, diversão garantida.
Carpinejar já havia postado em seu blog alguns textos sobre o livro, além de matérias publicadas na imprensa. Nesses textos, ele apresenta seu conceito de canalha, fazendo as devidas distinções entre cafajestes e afins.
O que eu pude entender disso tudo é que o canalha é um eterno apaixonado. Inconstante, impulsivo e descompromissado. É o cara que, quando está com você, é completamente seu. Não poderia haver melhor companhia. É aquele que te olha e não precisa dizer nada para você se sentir a mulher mais interessante do planeta. Que seduz, cativa e consome. O canalha sempre põe a mão no lugar certo, na hora certa. E, quando não está afim, simplesmente desaparece para reaparecer num outro dia qualquer, sem aviso, sem notícia.
Pode haver coisa melhor que isso? Claro, eu não recomendaria um canalha para quem quer constituir família. Mas, se a sua já estiver constituída, ou desconstituída – ou, ainda, em qualquer fase desse processo –, o canalha me parece ser uma ótima opção.
Para mim, o canalha é a versão moderna do príncipe encantado. E já estava na hora dele se atualizar, afinal, nem nos desenhos animados os velhos príncipes estão em alta. Em Shrek, por exemplo, entre o Encantado e o ogro, quem não escolheria o ogro?
O canalha aparece quando você já desistiu de esperar por ele e se desdobra para te conquistar mais uma vez, para fazer todas as suas vontades. Depois some de novo. Não dá tempo de enjoar. Deixa para trás algo mal resolvido, o fiozinho do novelo, a retomada possível. Além de tudo, é discreto. Não sai contando vantagens por aí, o que amplia ainda mais seu raio de ação – sem distinção de credo, raça ou conta bancária –, sem pudores ou constrangimentos.
Claro que essas idas e vindas podem ser difíceis de suportar. O canalha está sempre de passagem. Mas isso o torna absolutamente previsível. Namoros, casamentos e tudo mais é que são complicados, pois, teoricamente, são feitos para durar. Mas por quanto tempo? Quanto dura um casamento, uma paixão, um relacionamento?
Com o canalha, não há esse problema. Não vai durar e pronto. Muito mais fácil. E isso obriga ambas as partes a aproveitarem cada instante da melhor maneira possível.
Na verdade, acho que o maior problema é de ordem quantitativa. Não é fácil ser canalha. Satisfazer uma mulher, mesmo que esporadicamente, não é para qualquer um. É preciso muita competência e uma boa dose de talento. Canalha de verdade, digno do nome, há poucos por aí.
Bom, só queria registrar aqui minhas primeiras impressões sobre o que ouvi falar e li a respeito de "Canalha!". Agora vou direto à fonte, acabei de comprar o livro. Vamos ver se essa primeira percepção se sustenta.
Por ora, que venham os canalhas!
segunda-feira, 24 de novembro de 2008
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Um comentário:
Querida Silvia, o texto está ótimo, mas eu temo que os canalhas são uma solução de curto prazo pra nós - românticas incorrigíveis, que querem se entregar pra alguém de corpo e alma...nem que seja por pouco tempo.
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