O tom é familiar. Como se estivéssemos todos sentados numa sala, num fim de tarde, jogando conversar fora, contando histórias da infância. Velhos amigos que se reencontram. E as histórias se sucedem. Intercalam-se com lembranças. A família sempre presente.
A proximidade. O autor chama o leitor para si. Ou, talvez, não se trate da relação entre o autor e o leitor, mas sim do autor com ele mesmo. José Luís Peixoto parece não tem medo de se revelar. Algo pouco comum no ser social. E isso nos arrasta em direção ao seu universo.
Talvez seja isso o que me atrai ao texto, essa suposta exposição. Que parece natural, espontânea, não sofrida. Como se o autor dissesse “nada tenho a esconder”.
E as histórias da aldeia, de uma aldeia do passado, que não mais existe. Como se o autor já fosse um homem muito velho. Como se houvesse uma distância enorme entre ele e suas histórias. Como se não fossem histórias, mas reminiscências.
Mas essa ilusão de passado não perdura. De repente, estamos na aldeia. E a aldeia não tem idade, nem tempo ou lugar. Atemporal e perdida.
Histórias. Mais do que histórias, visões. O olhar do autor sobre a vida, a morte, a infância, o passado, o presente, o futuro.
Ficha Técnica: “Cal”, de José Luís Peixoto, Bertrand Editora.
domingo, 1 de fevereiro de 2009
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