A repressão violenta às manifestações pacíficas dos monges budistas e da sociedade civil, por parte da junta militar que governa Mianmar, causa repulsa no mundo “dito” civilizado. Mas parece que não passa disso.
O governo militar continua firme e forte, desrespeitando direitos fundamentais do homem – entre eles, o “kit básico”: direito à vida, à integridade física e à liberdade de expressão. Fala-se muito. Faz-se muito pouco.
Os manifestantes pedem por democracia (o país vive sob regime militar desde 1962) e por melhores condições de vida. O governo militar responde enviando o exército contra os monges. (Cá pra nós, há poucas imagens tão arraigadamente associadas à não-violência como a de um monge budista.)
Notícias (denúncias) de repressão à liberdade de imprensa, assassinatos, espancamentos e várias outras modalidades de violência arbitrária, desproporcional e – pior de tudo – institucional. Entre os protagonistas, o general Than Shwe, líder do Conselho de Estado para a Paz e o Desenvolvimento que responde pelo governo militar. Paz e Desenvolvimento!
Detalhe: em 1990, a democracia ameaçou retornar ao país. Em eleições livres, a Liga Nacional pela Democracia, chefiada por Aung San Suu Kyi, saiu-se vitoriosa. O governo militar, porém, anulou o processo. Aung San Suu Kyi não conseguiu exercer o mandato recebido e acabou recolhida em prisão domiciliar. Em 1991, a ativista pela democracia recebeu o Prêmio Nobel da Paz.
Não conheço Mianmar. E não acredito que a pouca informação que circula na internet e na mídia em geral seja condizente com a realidade do país, sua cultura, sua história. Mesmo assim, prefiro me arriscar com o que tenho a deixar de me manifestar.
Nesse último final de semana, li no Estadão (de 20 de outubro de 2007, pág. A27) matéria que falava sobre uma campanha contra a repressão batizada de “Calcinhas pela Paz”. Maluquice ou não, é bom saber que alguém está fazendo alguma coisa.
Parece que a iniciativa se apóia numa superstição corrente no país de que o contato com peças íntimas femininas enfraqueceria os homens. Por isso o movimento pede que as mulheres de todo mundo enviem calcinhas para o governo militar de Mianmar.
Fausto Fawcett já vaticinava sobre o potencial beligerante das calcinhas. Quem sabe Kátia Flávia, a Godiva do Irajá, com suas calcinhas Exocet não seja a salvação dos monges budistas? Ela, sozinha, arrasaria todo um quartel.
terça-feira, 23 de outubro de 2007
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